A lombalgia, por se tratar de uma patologia que acomete praticamente
todas as pessoas, pelo menos uma vez na vida, gera grandes dúvidas sobre as
suas causas, diagnósticos, tratamentos e profilaxias. Apesar de já existirem
várias causas definidas, ainda permanecem casos obscuros. Existem várias
técnicas de tratamento fisioterapêutico, mas poucas obtêm ótimos resultados.
Por isso, existe uma grande variação de protocolos utilizados. Bons resultados
são obtidos quando a lombalgia tem sua causa definida e os métodos específicos
são aplicados. Mas ainda mantêm-se as questões levantadas em todos os momentos
pelos fisioterapeutas e estudiosos do assunto: num caso de dor lombar, qual o
método mais indicado para o tratamento, Williams ou McKenzie? Seria correto
aumentarmos a lordose lombar ou retificá-la?
Método Mackenzie:
Pelo método de Robin McKenzie, a coluna
vertebral possui curvaturas que foram determinadas através de um processo de
adaptação da evolução humana. Com o intuito de absorver os choques e permitir
maior flexibilidade. A dor lombar, segundo McKenzie, é causada pela tensão
muscular ou estiramento dos ligamentos e outros tecidos moles. Isso geralmente
ocorre com a manutenção dos maus hábitos posturais, excesso de flexões e
posições relaxadas, ou seja, qualquer posição onde a coluna lombar tende a
retificar-se. Outras causas comuns que podem ocorrer são as forças externas
aplicadas na coluna, provocando tensão nas estruturas, levantamento de objetos
excessivamente pesados e posição curvada enquanto se trabalha. Entre todas esta
causas, a posição sentada de forma incorreta representa a maior causa de dor
lombar.
Durante o movimento de flexão, McKenzie acredita que o núcleo do disco
desloca posteriormente, a pressão no disco aumenta e o sistema ligamentar
posterior fica tensionado. Na extensão o anel posterior fica protuberante
(fisiologia normal), o disco desloca anteriormente, reduz a pressão no IV disco
intervertebral e o sistema ligamentar fica relaxado. McKenzie apresenta a
flexão e a má postura sentado, como os maiores responsáveis pelos casos de
protusões, fissuras, rupturas, tensões, estiramentos e compressões das
estruturas da coluna lombar.
O próprio método possui sua forma de diagnóstico. Existe uma anamnese
onde é colhida a história da lesão. É realizado um exame objetivo e,
posteriormente, são feitos testes dos movimentos, confirmando o diagnóstico
mecânico. Em caso de haver irradiação da dor durante os testes, o teste
neurológico também é efetuado. Lembrando que, segundo Mckenzie, a dor lombar
pode ser uma síndrome de postura, disfunção ou desarranjo. McKenzie argumenta que a execução
regular de exercícios de extensão passiva no distúrbio posterior, pode acentuar
a qualidade ou melhorar a natureza dos tecidos curativos no anel posterior.
De acordo com o diagnóstico, o tratamento segue
princípios conforme o acometimento. No caso de uma síndrome de postura, o
tratamento será a correção postural, numa disfunção de flexão utiliza-se o
princípio da flexão, disfunção da extensão o princípio da extensão, no
desarranjo posterior o princípio da extensão, no desarranjo anterior o
princípio da flexão e na aderência nervosa o princípio de flexão. Outros casos,
como a articulação sacrilíaca e do quadril, são utilizados métodos não
abordados neste trabalho.
Exercício de
extensão de Mackenzie. Na posição pronada, o paciente eleva a parte superior do
corpo, estendendo passivamente a coluna lombar.
LOMBOCIATALGIA
Nota: Estes exercícios podem ser um pouco desconfortáveis para as suas costas MAS, após algumas repetições você deve começar a sentir os sintomas de dor na perna a diminuir. Porém, se os sintomas de dor na perna piorarem significa que você ainda não está preparado para eles e deve parar de imediato.
Método Williams:
Todos os exercícios de Williams são acompanhados de flexão do quadril,
gerando tração dos músculos ísquio-tibiais que levam a retroversão pélvica.
Este movimento é conhecido por contra-nutação. O movimento de flexão é limitado
pela tensão exercida sobre as estruturas do arco posterior (cápsula e
ligamentos da articulação interapofisária, ligamentos amarelo, interespinhoso,
supraespinhoso e o ligamento vertebral comum posterior).
Williams tem contradições próprias em seu
método. Por exemplo, em um dos seus exercício básicos, o indivíduo toca o pé
com as mãos. Ao mesmo tempo ele condena a flexão do corpo em pé para tocar o
chão. É o mesmo exercício, mas com postura diferente.
Os exercícios de flexão de Williams são bastante utilizados para o
tratamento de grande variedade de problemas lombares. Em muitos casos o método
é utilizado quando a causa da desordem ou as características não são bem
compreendidos por fisiatras e fisioterapeutas. Constantemente os exercícios são
ensinados com modificações próprias dos terapeutas. Qualquer modificação dos
exercícios devem ser feitos sob muita consideração da ação muscular, porque os
exercícios que violam o mecanismo de inclinação posterior da pelve, podem ser
suficientes para prolongar os sintomas clínicos . Os exercícios em geral visam
o fortalecimento dos músculos abdominais, glúteos e o alongamento de parte da
cadeia posterior.
Discussão:
Devemos fazer flexão ou extensão?
Biomecanicamente os dois métodos são
contraditórios. Ou seja, Williams acredita que a coluna lombar deve ser
retificada, diminuindo a lordose lombar, fortalecendo glúteos, músculos
abdominais e alongando parte da cadeia posterior. Enquanto McKenzie preserva a
lordose como fator indispensável para a harmonia da coluna. É diferente o
objetivo de cada método. Um retifica e o outro lordosa, um se preocupa bastante
com o núcleo e o outro com a musculatura.
Em casos de protusão discal ou mesmo leve deslocamento do núcleo pulposo
dentro do disco, o método McKenzie seria o mais indicado biomecanicamente.
Sendo que este método não se baseia apenas em extensões de tronco. Existe todo
um procedimento a seguir, até que a extensão tenha início. Mas como explicar os
terapeutas que obtêm resultados com Williams em protusões discais? Seria devido
ao alongamento dos ísquios durante a sessão, levando a nutação pélvica e
posteriormente um aumento da lordose lombar? Estaria aí o benefício deste
método? Ou sua atuação está apenas no alongamento de parte da cadeia posterior
e, conseqüente, afastamento das fibras anulares posteriores?
Quando a dor lombar é causada por encurtamento
da cadeia posterior, também denominada de síndrome da disfunção por McKenzie,
ambos os métodos possuem embasamento. Lembrando que nesta síndrome (disfunção
de flexão) McKenzie trata através das flexões. Analisando as alterações
teciduais produzidas pelas flexões de Williams, este caso seria o mais indicado
para este método.
Por se tratar de um problema que afeta toda a sociedade e principalmente
a ativa, faltam mais investimentos em pesquisa, visando estabelecer comparações
e paralelos entre métodos pré-existentes. A classe fisioterápica necessita mais
do que ninguém de dados confiáveis, podendo, assim, surgir novas formas de
tratamento baseados em evidencias. Existe a necessidade de surgir cada dia mais o fisioterapeuta
pesquisador. Comprovando cientificamente tratamentos, que vem sendo
criados e incorporados à nossa realidade indiscriminadamente, sem antes testar
por meio de pesquisas suas aplicabilidades.